É no Centro de Porto Alegre que está o mercado público mais antigo do Brasil. Fundado em 3 de outubro de 1869, o gigante amarelo é muito bem localizado no coração da cidade. O prédio histórico já renasceu algumas vezes e sempre manteve a sua imponência, no Largo Jornalista Glênio Péres. Quando tu cruza a entrada, logo percebe que o lugar vai além da função de um centro de abastecimento, com mais de 100 bancas e restaurantes. O Mercado é um ambiente que faz parte da vida dos porto-alegrenses. Um espaço múltiplo e receptivo para diferentes manifestações culturais e comunitárias da capital gaúcha. Onde, seja nos estabelecimentos, na arquitetura, ou nas pessoas, tu encontra diversidade.
História
O responsável pela construção do prédio de arquitetura eclética com inspiração no estilo neoclássico foi o engenheiro francês Maurício André Dubois. O prédio foi encomendado pelo então presidente da província do Rio Grande do Sul, Lúcio Jaime Pereira de Campos. Se tu olha hoje a imponente construção, não imagina que o local já passou por quatro incêndios (1912, 1976, 1979 e 2013). Um dos mais marcantes foi o de 76, quando grande parte do edifício foi destruída pelo fogo que começou em uma loja de artigos religiosos. A estrutura foi reconstruída e revitalizada, buscando preservar ao máximo as características originais. O mais recente foi em 6 de julho de 2013 e atingiu o segundo andar. Além de fogo, água. O prédio e os comerciantes, que superaram a enchente de 1941, jamais imaginariam que 83 anos depois viveriam uma ainda pior. Uma placa, instalada a mais de um metro do chão, ao lado de uma das portas voltadas para o Largo Glênio Péres mostrava a altura da primeira catástrofe e impressionava quem passava por ali. Porém, a tragédia das águas de maio de 2024 superou e muito a marca histórica, causando ainda mais estragos, prejuízos e tristeza. Porém, assim como em todos outros incidentes, o Mercado se recupera e volta a dar mais vida para a nossa cidade.
O Bará do Mercado
Ao chegar na encruzilhada dos quatro corredores centrais há um mosaico de pedras e bronze. Não estranha se tu sentir uma vibração diferente, pois é aí que está o Bará do Mercado. Para as religiões de matriz africana, o orixá tem o poder de abrir caminhos e foi parar ali depois de ser assentado, ou seja, fixado em algum objeto através de rituais. O Bará também é o senhor da fartura e do trabalho, por isso, muita gente vai até o local e deixa moedas e/ou presentes para ele. Existe, ainda, a crença de que uma energia protege o prédio há gerações (talvez isso explique a preservação do prédio, mesmo depois de tantos incidentes). Há duas versões sobre quem fez o assentamento. A primeira é de que foram os escravos na época da construção. Alguns religiosos, porém, acreditam que foi obra do Príncipe Custódio, que chegou ao Brasil quando o Mercado já existia.