Um restaurante de mais de cem anos com certeza tem muita história para contar. Ainda mais quando ele está localizado em um dos mais importantes prédios do Centro Histórico de Porto Alegre, o Mercado Público. Foi ali, segundo a lenda urbana, na mesa um do Naval, que Lupicínio Rodrigues compôs o hino do Grêmio, rabiscando à mão “Até a pé nós iremos, para o que der e vier”. Com um ambiente moderno e acolhedor, a decoração traz fotos de clientes célebres e locais turísticos da capital gaúcha. O Naval é a garantia de uma refeição bem servida e um chopp bem gelado, com o maior destaque para o bacalhau.
Uma casa portuguesa com certeza
Com inspiração na culinária dos açorianos que fundaram a capital gaúcha, o cardápio oferece opções para todos os gostos, mas os frutos do mar fazem o maior sucesso, dos petiscos aos pratos. Pastel de siri ou camarão e lula à dorê são opções para dividir, durante o happy hour, ou em um momento mais descontraído. Mas se teu objetivo é fazer uma refeição, a sugestão é provar um dos pratos de bacalhau (que a gente detalha melhor logo abaixo), a Tainha da Casa ou o Risoto de Frutos do Mar. Tudo isso pode ser acompanhado por um chope geladinho, servido na hora. Esse tipo de gastronomia harmoniza muito bem com vinho! Para seguir a nacionalidade do cardápio, tem os portugueses, que se unem aos demais e formam uma adega com mais de 100 rótulos, sejam eles regionais, europeus, ou sul-americanos. Um bom doce encerra a refeição, destaques para os Ovos Moles com Amêndoas e o Pastel de Santa Clara. Essa experiência gastronômica pode ser vivida todos os dias. Durante a semana, da manhã à noite, e nos findes (nosso apelido carinhoso para final de semana) da manhã à tarde.
O bacalhau é o protagonista
Para começar, o bolinho de bacalhau é o preferido de muitos porto-alegrenses. O segredo seria a origem: o peixe vem da Noruega. Tem, ainda, salada de bacalhau com batata e aioli (um molho com alho, azeite e gemas de ovos). Entre os pratos mais pedidos estão o Bacalhau 1907 – uma variação do clássico com nata, vem com o peixe desfiado, batatas, cebolas, pimentões, páprica doce, nata, salsa, manteiga e tempero a Naval, acompanhado de arroz de lulas. O prato a Naval traz o bacalhau Gadus morhua – considerado o mais nobre do mundo –, com camarões, polvo, champignon, manteiga negra, batata, pimentões, cebola e azeitonas, e outros acompanhamentos.
História em cada detalhe
Fundando em 1907, o restaurante mantém marcas históricas mesmo após reestruturação que tornou o ambiente renovado, iluminado e muito confortável. E isso pode ser percebido já no corredor do Mercado, quando se vê a plaquinha simples com o nome do espaço. Sobrevivente de grandes acontecimentos como a enchente de 1941, o incêndio de 1979 e a reforma do Mercado, o empreendimento traz nas paredes essas vivências, como os quadrinhos de recordações ali pendurados e os azulejos originais conservados em um canto. Também são exibidas as cadeiras utilizadas pelo músico, compositor do hino tricolor e pelo político Glênio Peres. Além deles, a cantora Elis Regina também era uma célebre frequentadora. Quem coordena tudo isso, desde 1961, é o português João Fernandes da Costa. Assim, mais do que nutrir o corpo, frequentar o Naval também é presenciar fragmentos da história de Porto Alegre.