M E A D A, solo de Luíza Fischer com direção de Patrícia Nardelli estreia dia 26 de novembro na Sala Álvaro Moreyra
A montagem do Coletivo Moebius está com ingressos à venda no site da Entreatos
Meada é a primeira obra solo da bailarina Luíza Fischer, que pesquisa e trabalha com dança contemporânea em Porto Alegre desde 2008. Integrante do Coletivo Moebius, Luíza carrega para este espetáculo a experiência desenvolvida coletivamente desde 2023 e busca fisicalidades significativas a fim de desenvolver linguagens peculiares e poéticas para seu trabalho. Entre as curiosidades da performer e intervenções da diretora Patrícia Nardelli, surgiu o solo, um deslocamento que acontece com a cabeça no chão. “Meada é uma jornada de transformação, nos lembra que o corpo pode ser muitas coisas, existir em muitas condições. A adaptação é inevitável e acontece à revelia da vontade”, afirma Patrícia Nardelli.
A ênfase na pesquisa física permeia todo o processo, fazendo com que sempre seja o corpo em movimento que evoque imagens, sensações, memórias e sentidos. Dialogando a partir da experiência deste corpo-sujeito, está a narrativa que parece enriquecer a experiência do fazer e do observar. Em cena, a instauração de um estado de presença em performance permite que o corpo se transfigure através do movimento, modificando o espaço ao redor e a percepção do público, que, afetado, abre-se para a experiência da obra. Assim, testemunhar esta jornada é participar dela, experienciando no próprio corpo a mudança de estado que ela produz. O que era, então, inicialmente um estudo sobre o peso e o apoio da cabeça, torna-se uma metáfora do desnovelar de uma vida impossível que pesa sobre os ombros, leva ao chão e, em processo, torna-se outra.
“Meada é tensão do início ao fim, um suspiro interrompido que não alivia, um imperar do peso sobre o corpo, uma metáfora sobre circunstâncias da vida que nos acontecem, e que não temos outra alternativa a não ser ceder. Uma obra sobre insistir na desistência, desistir uma vez, e de novo, e de novo, até o próprio desistir se fazer caminho para aceitar um caminho sem volta: uma transformação iminente e necessária se aproxima”, reflete a preparadora corporal Isadora Franco.
A obra conta com trilha original composta por Patrícia Nardelli, que utiliza as sonoridades para compor uma teia que sustenta e tensiona o espaço a ser ocupado pelo corpo em cena e pelos corpos fora dela. A trilha é atmosférica, com elementos gerados a partir de ruído elétrico processado por pedais de efeito construídos conjuntamente com a movimentação da performance. Algumas das referências de imagem colhidas ao longo da pesquisa são as esculturas de Louise Bourgeois, como a Maman (1999). A aranha, aliás, é uma referência de movimento e também para a construção poética e estética da obra, que ganha teias, patas e um corpo que se move quase de maneira não humana.
Ao longo do ano de 2024, em uma ocupação do Instituto Goethe Porto Alegre, a obra toma corpo com o engajamento coletivo. Isadora Franco passa a fazer a preparação corporal e Renata Stein assume a produção. Em dezembro daquele ano houve uma primeira mostra de processo, da qual participaram as bailarinas Tatiana Rosa, Janaína Ferrari e Bianca Brochier, trazendo leituras e colaborações à pesquisa.
Sinopse
Os olhos pesam nas órbitas, a língua pesa na boca, o pescoço já não sustenta. A testa pesa sobre a mão, o cotovelo busca apoio e não encontra. A cabeça pesa, pesa. O chão chama, a coluna enrola, o braço desiste, a gravidade ganha: a cabeça toca o chão e lá fica. Vira apoio, desliza, torna viável ou inviável a trajetória do corpo no espaço. Da permanência vem a mudança de estado e de forma. Vem também o desejo de estar em outro lugar. O corpo dá a ver o esforço escondendo o ser bípede. Nas escápulas em movimento surge um bicho com braços como patas que quer, deseja. Deseja deslocar-se, sentir o espaço, conquistar terreno, e aí virar outro bicho em novas terras.
Sobre o Coletivo Moebius
Com o objetivo de dar continuidade ao trabalho iniciado no Grupo Experimental de Dança de Porto Alegre (GED), o Moebius é composto por bailarinos, atores, músicos e artistas visuais. A esta diversidade, somaram-se as influências da antropologia, da análise do discurso, da história e das humanidades de maneira geral, que fazem parte da formação de muitos dos integrantes. Em onze anos de trajetória o Moebius conquistou parcerias importantes e esteve em espaços como a Usina do Gasômetro, a Casa Tony Petzhold, a Casa Bosque, o Espaço Cultural Cerco, entre tantas outras. Atualmente constituído por Isadora Franco, Janaína Ferrari, Luíza Fischer, Patrícia Nardelli e Renata Stein, o coletivo já teve treze integrantes e suas histórias, suas contribuições, seguem nos corpos e na energia de quem continua essa caminhada.
Em uma década, obteve muitas indicações a prêmios nas artes cênicas, com destaque para a montagem Procedimento21+1, indicada como Melhor Coreografia, Destaque em Dança Contemporânea, pela proposta inovadora de pesquisa artística na cena local. Em 2015, o espetáculo Ìgbà: exercício de contemplação foi indicado em oito categorias no Prêmio Açorianos de Dança e foi contemplado na categoria de Melhor Cenografia. Em 2019, recebeu indicações no Açorianos e levou o Prêmio Açorianos em destaque em dança contemporânea – pela gestão coletiva de uma qualificada e abrangente produção em Dança Contemporânea evidenciada em espetáculos como Ranhuras, Três Canções e Poéticas sobre morte/tempo/vida. Foi novamente indicado em 2021 e em 2024, quando a performance Aguaçal recebeu seis indicações no Prêmio Açorianos de Dança: espetáculo do ano, intérprete destaque para Renata Stein, elenco, trilha sonora, iluminação e destaque artístico pela concepção e dramaturgia.
Ficha técnica
Concepção e performance: Luíza Fischer
Direção e trilha sonora: Patrícia Nardelli
Iluminação: Anne Plein
Operação de som: Manu Goulart
Figurino: Vel Berlese
Produção, ilustração e mídias sociais: Renata Stein
Preparação corporal: Isadora Franco
Fotografia: Diogo Vaz
Assessoria de imprensa: Bebê Baumgarten
Realização: Coletivo Moebius
Duração: 30 minutos
Classificação etária: 14 anos
MEADA
26 de novembro, às 19h
Sala Álvaro Moreyra – Av. Erico Verissimo, 307 – Azenha, Porto Alegre
Ingressos: R$ 60,00 inteira | R$ 30,00 meia
Antecipados na plataforma Entreatos:
https://www.entreatosdivulga.com.br/meada
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