O espetáculo – que une teatro, música ao vivo e documentário – destaca a trajetória de Jurema Finamour, uma jornalista e escritora influente a partir da década de 1940, que sofreu um processo de apagamento histórico. “A mulher que virou bode: a história perdida de Jurema Finamour” mostra como uma repórter com experiência internacional, diretora de revista feminina e amiga de intelectuais e políticos, como Carlos Drummond de Andrade e Leonel Brizola, acabou sendo completamente esquecida por todos. O título do espetáculo remete ao livro autobiográfico “A mulher que virou bode”, lançado por Jurema em 1994.
A montagem é uma realização do Rakurs Teatro, com direção e concepção de Marcelo Bulgarelli. O elenco, formado pelas atrizes e cantoras Deliane Souza, Eulália Figueiredo, Iandra Cattani, Luiza Waichel e Sofhia Lovison, interpreta no palco as canções compostas especialmente para o espetáculo por Antônio Villeroy, com preparação musical de Simone Rasslan. O projeto foi viabilizado por meio de edital do Fumproarte (Prefeitura de Porto Alegre) e de edital da Secretaria Estadual de Cultura (Sedac-RS)/ Lei Paulo Gustavo (LPG).
“A mulher que virou bode”
O que levaria uma mulher a se transformar em um bode? Essa pergunta revela o apagamento histórico de Jurema Finamour, uma repórter e escritora influente nas décadas de 1940 a 1960. Perseguida pela ditadura militar, foi a primeira mulher presa política no Rio Grande do Sul, em 1965. Também sofreu um cancelamento, em vida, por parte da elite intelectual brasileira, principalmente ao lançar o livro “Pablo e Dom Pablo” (1975), em que critica o comportamento do poeta chileno Pablo Neruda, de quem chegou a ser secretária.
A partir das pesquisas feitas pela jornalista Christa Berger para o livro “Jurema Finamour, a jornalista silenciada” (Libretos, 2022), o diretor Marcelo Bulgarelli e a dramaturga Luiza Waichel mergulharam nos motivos que levaram ao esquecimento da trajetória desta também poeta e tradutora. Assim, o Rakurs Teatro propõe uma reconstrução da história perdida de Jurema, que morreu em 1996, no Rio de Janeiro, em uma fusão entre teatro, música ao vivo e documentário.
Além da biografia escrita por Christa Berger, o espetáculo utiliza textos da própria Jurema, principalmente do livro autobiográfico “A mulher que virou bode”, lançado em 1994.
Múltiplas facetas
No palco, as atrizes se revezam no papel de Jurema Finamour, em uma alusão às suas múltiplas facetas profissionais e pessoais. A trilha sonora original do espetáculo é de autoria do cantor, compositor e instrumentista Antônio Villeroy. Direto de Lisboa, o artista criou 12 canções que serão cantadas ao vivo pelo elenco.
A montagem também incorpora o uso de máscaras cênicas — humanas e não humanas — como elemento central da encenação, explorando o mascaramento como jogo performático. Já o cenário tem predominância do azul Portinari, criando um ambiente imersivo que reflete não apenas a estética modernista, mas também a forte ligação de Jurema com o pintor Candido Portinari.
Exposição documental
Para o público ter a oportunidade de saber mais sobre a trajetória de Jurema Finamour, foi criada uma exposição documental inédita sobre sua vida e obra com documentos raros da pesquisadora Christa Berger e audiodescrição gravada. A exposição estará aberta ao público durante toda a temporada, após a realização dos espetáculos, no saguão do Teatro Renascença.
Acessibilidade
Às sextas-feiras, as sessões do espetáculo terão interpretação em Libras. Na sessão do dia 20 de junho (sexta) também haverá o recurso de audiodescrição. Em todas as sextas-feiras da temporada haverá roda de conversa, após o espetáculo, com Christa Berger, escritora e biógrafa de Jurema, sobre o livro “Jurema Finamour: a jornalista silenciada”, com intérprete de Libras.
Marcelo Bulgarelli
O diretor da montagem, Marcelo Bulgarelli, é o idealizador do projeto, ao lado da atriz Luiza Waichel. Ele é diretor e ator do Rakurs Teatro (Porto Alegre), onde desenvolve uma pesquisa contínua sobre corporeidade, dramaturgia da ação e criação colaborativa. Atua também na Itália, em colaboração com o grupo La Fabbrica dei Gesti, o músico Claudio Prima e outros artistas europeus, em projetos que articulam teatro, música, dança e performance. Desde 2008, integra o Meyerhold Biomechanics Centre (Itália), atuando como professor e assistente do mestre Gennadi Bogdanov. É doutorando em Artes Cênicas pela UFRGS, com bolsa CAPES.
FICHA TÉCNICA:
Direção e concepção: Marcelo Bulgarelli
Elenco: Deliane Souza, Iandra Cattani, Eulália Figueiredo, Luiza Waichel e
Sofhia Lovison
Canções e Trilha sonora Original: Antônio Villeroy
Dramaturgia: Luiza Waichel
Dramaturgistas: Luiza Waichel e Marcelo Bulgarelli
Textos: Christa Berger, Luiza Waichel e Jurema Finamour
Preparação musical: Simone Rasslan
Arranjos vocais: Simone Rasslan e elenco
Assistência coreográfica: Carlota Albuquerque
Cenografia: Maíra Coelho
Assistente de Cenografia: Denise Ayres
Criação e produção de objetos: Denise Ayres e Maíra Coelho
Figurinos: Maíra Coelho e Rafael Silva
Máscaras: Fábio Cuelli
Formação de Máscaras: Cláudia Sachs e Fábio Cuelli
Iluminação: Nara Lúcia Maia
Operação de som e vídeo: Cássio Azeredo
Audiovisual: Voltaire Barbieri
Assistente de direção: Cláudia Sachs
Assessoria biográfica de Jurema Finamour: Christa Berger
Depoimentos: Christa Berger e Maria Helena Correa Pires
Maquiagem e cabelos: Juliana Senna
Arte gráfica: Agência Gaboo
Fotos: Gilberto Perin
Audiodescrição do projeto: Mil Palavras Acessibilidade Cultural
Tradutora e intérprete de Libras: Simone Dornelles
Expografia: Karine Bulgarelli
Assessora de imprensa: Flávia Cunha
Divulgadora de redes sociais: Deliane Souza
Produção executiva: Maura Souza
Direção de Produção: Marcelo Bulgarelli
Serviço:
A Mulher que virou bode – a história perdida de Jurema Finamour
Novas datas:
Temporada de 27 de junho a 6 de julho
Sextas e sábados: 20h – Domingos: 18h
Local: Teatro Renascença (Av. Érico Veríssimo, 307, bairro Menino Deus), em Porto Alegre)
Ingressos: R$ 50
Meia-entrada: para estudantes, idosos, jovens pertencentes a famílias de baixa renda (de 15 a 29 anos), pessoas com deficiência e profissionais da classe artística,
Ingressos à venda pela plataforma Sympla e direto na bilheteria do teatro, uma hora antes das apresentações.
Duração: 90 minutos
Classificação etária: 14 anos.
Redes sociais: https://www.instagram.com/jurema.finamour/