Vem aí a segunda edição do Movimenta Cena Sul! O festival, que surgiu há exatamente um ano, como uma ação emergencial para gerar oportunidade de trabalho para artistas afetados pela enchente, se reinventa, agora com um novo propósito: ocupar o recém-inaugurado Teatro Simões Lopes Neto, do Multipalco Eva Sopher, com montagens locais, fortalecendo e celebrando a cena artística gaúcha.
Serão sete espetáculos, que transitam por linguagens como teatro, música e dança, apresentados de 19 a 28 de julho e com ingressos a preços populares. As entradas já estão à venda no site www.theatrosaopedro.rs.gov.br, com preços de R$ 40,00 no valor inteiro e R$ 20,00 para quem tem direito a meia-entrada.
A iniciativa, realizada pela Fundação Teatro São Pedro, Associação Amigos do Theatro São Pedro e Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), traz diversas pautas para o palco. “Reconfigurada e atualizada para este ano e para este tempo, a mostra de 2025 traz obras efervescentes, com discursos importantes dentro do pensamento curatorial, atravessando temas urgentes como diversidade, raça, gênero, universo queer, meio ambiente, impactos emocionais e sociais da enchente, além de comportamento e política”, explica Gabriela Munhoz, diretora artística da Fundação Teatro São Pedro.
O primeiro fim de semana do festival contará com dois shows apresentados por mulheres gaúchas que homenageiam outras importantes figuras femininas: no dia 19, Shana Müller com Canto de América, em alusão aos 90 anos de Mercedes Sosa (1935 – 2009), uma das grandes vozes da América Latina; e, no dia 20, Fernanda Copatti, com O Nome Dela é Gal, presta tributo à Gal Costa (1945 – 2022), que completaria 80 anos em 2025.
A segunda semana do evento será dedicada às artes cênicas, começando no dia 24 com Onde está Cassandra?, que celebra os 25 anos de carreira da drag queen Cassandra Calabouço, misturando dança, lipsync, teatro e outras linguagens artísticas. Depois, no dia 25, haverá a primeira apresentação do premiado espetáculo Rhinocerontes fora do Bar Ocidente. A montagem, livremente inspirada em Eugène Ionesco e com direção de Eduardo Kraemer, ganhará uma nova versão, ocupando as ruas do Centro Histórico e o foyer do Multipalco Eva Sopher até chegar ao grande palco, trazendo para o público uma sátira sobre a conformidade e a alienação da sociedade moderna.
Já no dia 26, a atração será Peixes, assinada por Camila Vergara e interpretada por dez artistas. A composição coreográfica é inspirada nos mistérios do mar e se transforma em uma analogia para a reflexão sobre o presente, o futuro e a força do coletivo em um mundo onde as individualidades são cada vez mais enfatizadas. Em seguida, no dia 27, o público poderá conferir Negreiros, montagem do Grupo Teatral Leva Eu que serve como metáfora para provocar diferentes olhares sobre situações contemporâneas análogas ao trabalho escravo e, consecutivamente, falar sobre racismo, preconceito e corpo negro.
O encerramento, no dia 28, será com a nova montagem do Coletivo Gompa, A Menina dos Olhos d’Água, que estreou na Alemanha, passou pelo Rio de Janeiro e terá sua segunda apresentação na capital gaúcha. O espetáculo, para crianças a partir dos seis anos, tem direção de Camila Bauer e conta com atuação e manipulação de bonecos feita por Liane Venturella, para contar a história de uma menina vítima da enchente e refletir sobre pertencimento, exílio, deslocamento, perda e superação.
Serviço
Mostra Movimenta Cena Sul
De 19 a 28 de julho
Teatro Simões Lopes Neto, no Multipalco Eva Sopher (entrada pela Rua Riachuelo, 1089, ao lado do estacionamento)
Ingressos
R$ 20,00 meia-entrada
R$ 40,00 inteiro
Pontos de venda
On-line: www.theatrosaopedro.rs.gov.br
Bilheteria do Teatro Simões Lopes Neto: somente nos dias de espetáculo, a partir de duas horas antes do início das apresentações
Foto Edu Defferrari
Programação completa
Dia 19 de julho, sábado, às 20h – Canto de América, com Shana Müller, em alusão aos 80 anos de Mercedes Sosa (música)
A cantora Shana Müller celebra seus 20 anos de carreira com o show Canto de América, uma homenagem à música latino-americana que também faz alusão ao aniversário de 90 anos de Mercedes Sosa. O espetáculo valoriza o protagonismo feminino e as heranças indígenas, negras e espanholas, promovendo o forte diálogo da cultura e levando ao público canções de grandes referências da música latina. O show é construído em português e em espanhol, e destaca ritmos como bolero, tango, milonga, chacarera e zamba, com uma banda formada por grandes músicos.
Dia 20 de julho, domingo, às 18h – O Nome Dela é Gal, com Fernanda Copatti (música)
O show é uma homenagem da cantora, compositora, atriz e performer Fernanda Copatti à Gal Costa, que completaria 80 anos em 2025. O espetáculo vibrante, visceral e emocionante é um tributo e não uma imitação, trazendo a versão mais roqueira da grande cantora brasileira que soube ser muitas sem perder a sua identidade. O repertório, que conta com músicas assinadas por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Luiz Melodia, João Donato e Jards Macalé, foi pensado para arrebatar os fãs e também surpreender o público, mantendo viva a obra de uma das vozes mais potentes do Brasil.
Dia 24 de julho, quinta-feira, às 20h – Onde está Cassandra?, com direção de Cassandra Calabouço e Diego Mac (dança)
Cinco drag queens apresentam coreografias, cenas e números de lipsync para contar as histórias de 25 anos de trajetória da drag queen Cassandra Calabouço, através de suas memórias, questionamentos e críticas. A narrativa conduz o espectador em uma experiência única, envolvente, sensível, contundente, divertida e emocionante. Em cena, Cassandra e as queens Alpine a Grande, LadyVina, Savanah Queen e Zélia Martínez convidam o público a explorar, desvelar e descobrir camadas mais profundas sobre identidade, respeito à diversidade e do ser artista no Brasil.
Dia 25 de julho, sexta-feira, às 20h – Rhinocerontes, da Cia Teatrofídico, com direção de Eduardo Kraemer (teatro)
Livremente inspirado no texto original de Eugéne Ionesco, uma obra do gênero chamado “teatro do absurdo”, que surgiu no século 20 após a Segunda Guerra Mundial, a peça é uma sátira sobre a conformidade e a alienação da sociedade moderna, que mostra a transformação gradual dos habitantes de uma cidade em rinocerontes. É uma metáfora da ascensão dos regimes totalitários, na época, especialmente o nazismo, e da influência das ideologias nacionalistas sobre o comportamento humano. No Teatro Simões Lopes Neto, o espetáculo ganhará uma versão inédita, saindo pela primeira vez do tradicional Bar Ocidente para ocupar as ruas do Centro Histórico, o foyer do Multipalco Eva Sopher e o grande palco.
Dia 26 de julho, sábado, às 20h – Peixes, com direção de Camila Vergara (dança)
O elenco deste espetáculo é composto por artistas da dança, do teatro e da performance, e que exploram temas de territorialidade, questões étnico-raciais, gênero e sexualidade em seus trabalhos. Com trama onírica, acompanhada de trilha sonora e figurino criados especialmente para o trabalho, o cardume é levado pelo movimento das correntes marítimas rumo a águas profundas habitadas por figuras híbridas e mutantes. Uma rede de pesca e outros objetos humanos evocados pela cenografia simbolizam a ameaça ambiental e a dificuldade de captura da atenção da sociedade, cada vez mais dispersa e cheia de estímulos.
Dia 27 de julho, domingo, às 18h – Negreiros, do Grupo Teatral Leva Eu, com direção de Igor Ramos (teatro)
Um mergulho na escravização contemporânea que envolve o tráfico de pessoas, fluxos migratórios e a ampliação do debate racial no Brasil. A peça parte de alguns disparadores para dialogar com o passado e o presente, misturando fatos históricos e políticos sobre a condição real e atual do negro no País, procurando ampliar a discussão dialética sobre a criminalização e a morte da juventude negra nas periferias. Negreiros serve como metáfora para provocar outros olhares sobre situações contemporâneas análogas ao trabalho escravo e, consecutivamente, falar sobre racismo, preconceito e corpo negro (des)colonizado na cena. É como um navio que carrega nos seus porões suas memórias, dores e mazelas, mas também suas tradições e diásporas.
Dia 28 de julho, segunda-feira, às 19h – A Menina dos Olhos d’Água, do Coletivo Gompa, com direção de Camila Bauer (teatro para crianças)
O espetáculo, para crianças a partir dos seis anos, fala sobre a situação dos refugiados climáticos e a superação de uma pequena menina diante de catástrofes ambientais. Na peça, essa menina perde sua casa e seu animal de estimação em uma enchente no sul do Brasil. No albergue, ela faz novos amigos e mostra, pelo seu olhar doce e divertido, como superou a tragédia. O espetáculo mistura teatro de formas animadas com teatro documentário multimídia para crianças, mostrando um trânsito entre imagens reais em cena, bonecos e vídeos. Parte de uma situação específica para falar sobre pertencimento, exílio, deslocamento, perda e superação.