As pinturas de Thiago Martins de Melo fazem parte de uma longa tradição de “pinturas históricas” que retratam temas históricos, religiosos, mitológicos, alegóricos ou literários. Os assuntos e as temáticas que o artista retrata estão ancorados na realidade da sociedade brasileira e da sul-americana em geral, mas têm alcance universal. Ele cita e descreve eventos históricos, complexos e problemáticos, além de lançar luz sobre questões críticas que ainda persistem na sociedade brasileira. Colonização e pós-colonização; expropriação de terras e roubo de recursos; dominação física e psicológica; exploração de escravos; manipulação através da religião; a fusão de raças (indígena, branca ocidental, africana negra) — todas estas são questões importantes.
Thiago Martins de Melo é um pintor “expressionista barroco”, um estilo em que o tamanho grande e a complexidade da composição, assim como a sensualidade das pinceladas, absorvem o espectador visual e emocionalmente em uma leitura global, não linear, enigmática e misteriosa. Figuras inventadas e citadas, objetos e paisagens são unidos, em grande parte, pelo estilo muito pessoal do artista, que mistura facilmente o real com o surreal e dá credibilidade à história na qual humanos e divindades coexistem.
A exposição é apresentada em duas partes. Na primeira, há pinturas que denunciam certos eventos e políticas no Brasil. Na segunda — apaziguamento —, há pinturas em que o artista explora questões existenciais relacionadas à mitologia e à metafísica.
Gunnar B. Kvaran
Curador